Tecnoplus desenvolveu estação móvel de tratamento para água do semiárido

Tecnoplus desenvolveu estação móvel de tratamento para água do semiárido

Tecnoplus desenvolveu estação móvel de tratamento para água do semiárido

Com predominância de rochas cristalinas, o solo da região Nordeste tem como uma das características o alto nível de sais em sua composição. Isso faz com que em grande parte do semiárido as águas subterrâneas tenham características salobras, dificultando seu aproveitamento para consumo humano. Combinada com a irregularidade das chuvas, essa realidade traz como consequência uma grande escassez do recurso natural para a população.

Pensando em uma alternativa para esse problema, pesquisadores da empresa Tecnoplus desenvolveram uma Estação de Tratamento de Água (ETA) com três características básicas: mobilidade, robustez e sustentabilidade. A proposta veio através do projeto “Estação de Tratamento de Água Móvel e Compacta Visando Ampliar a Oferta de Água Potável nas Regiões Semiáridas”, que contou com o apoio da Funcap através do edital Inovafit.

Conduzido por uma equipe de doutores e pós-doutores na área de Saneamento, o trabalho é direcionado especificamente para o tratamento da água salobra do semiárido. Isso fez com que as etapas da estação (Pré-oxidação/coagulação, por exemplo) fossem definidos considerando características físico-químicas e microbiológicas de águas provenientes do bioma da Caatinga.

De acordo com o engenheiro Eliezer Abdala, um dos responsáveis pelo projeto, outro diferencial que merece destaque na ETA móvel produzida pela Tecnoplus é a disposição das tecnologias associadas para o tratamento da água (veja todas as etapas abaixo). Na fase de redução da carga orgânica, por exemplo, a solução mais convencional adotada no mercado é o uso do cloro. “Nós optamos pelo uso de oxidantes derivados da ruptura da molécula da água, obtidos através de eletrólise por corrente pulsada. Desta forma, amplia-se o poder de inativação de patógenos e a redução da carga orgânica sem a geração de subprodutos da cloração, explica.

A tecnologia utilizada na pré-oxidação tem como base a geração de um campo elétrico proveniente de uma corrente contínua que simula a vibração da molécula de água e, com isso, consegue separar seus componentes. Segundo os pesquisadores, além de dispensar aditivos químicos na geração de oxidantes, o processo também tem mais eficiência na remoção de sólidos em suspensão e menor consumo de energia, em relação à eletrólise convencional. “E foi desenvolvido pelos nossos pesquisadores, o que garante manutenção e operação com recursos locais”, ressalta Eliezer.

Como o foco é facilitar o processo de obtenção de água nas difíceis condições do semiárido nordestino, a ETA móvel foi projetada para ser facilmente transportada, como um reboque. Tem 2,20 m de largura, 1,20 m de altura e 2,5 m de comprimento e capacidade para tornar potáveis até mil litros por hora. Eliezer informa que um dos aprimoramentos já em estudo é adaptar placas solares, para que a ETA possa funcionar em qualquer lugar do sertão – que também sofre com a escassez de eletricidade em muitas regiões.

Devido à necessidade de componentes adaptados para a purificação da água salobra nordestina, a ETA móvel desenvolvida pela Tecnoplus tem um custo entre 20% e 30% superior ao de um equipamento com a mesma vazão do mercado. “Mas exatamente pelo fato de ser destinada a essa água, as membranas e os filtros duram mais, o que resulta em gastos menores durante o uso, explica Eliezer.

O projeto foi colocado em prática no final de 2016 e, felizmente, foi possível obter parcerias para viabilizar a comercialização da ETA móvel no mercado nordestino em 2017. O potencial é grande: de acordo com a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (Abas), estima-se que no Nordeste existam mais de 30 mil poços de água salobra com vazão superior a 2 mil litros/hora.

Fases do processo de purificação da água do projeto

  • Redução da carga orgânica através de três etapas: eletro-oxidação, coagulação e flotação;
  • Pré-filtração através de um filtro de leito granular;
  • Filtração, também com filtro com granulometria de leito diferenciada;
  • Adsorção com carbono ativado;
  • Abrandador, para retirada de cálcio e magnésio;
  • Pré-desinfecção com gás ozônio;
  • Microfiltração;
  • Dessalinização por osmose reversa;
  • Desinfecção (micro dosagem de cloro).

FONTE: FUNCAP – CE

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